quarta-feira, janeiro 06, 2010

Os Dez Mandamentos Do Homem Moderno - Richard Dawkins



1.Não faça aos outros o que não quer que façam com você

2.Em todas as coisas, faça de tudo para não provocar o mal

3.Trate os outros seres humanos, as outras criaturas e o mundo em geral com amor, honestidade, fidelidade e respeito

4.Não ignore o mal nem evite administrar a justiça, mas sempre esteja disposto a perdoar erros que tenham sido reconhecidos por livre e espontânea vontade e lamentados com honestidade

5.Viva a vida com um sentimento de alegria e deslumbramento

6.Sempre tente aprender algo de novo

7.Ponha todas as coisas à prova; sempre compare suas idéias com os fatos, e esteja disposto a descartar mesmo a crença mais cara se ela não se adequar a eles

8.Jamais se autocensure ou fuja da dissidência; sempre respeite o direito dos outros discordar de você

9. Crie opiniões independentes com base em seu próprio raciocínio e em sua experiência; não se permita ser dirigido pelos outros

10. Questione tudo

11.Aproveite sua própria vida sexual desde que ela não prejudique outras pessoas e deixe que cada um aproveite a deles em particular,sejam quais forem as inclinações de cada um,que não nos interessam.

12. Não discrimine nem oprima com base no sexo,na raça ou na espécie.

13. Não doutrine seus filhos.Ensine-os a pensar por si mesmos,a avaliar as provas e a discordar de você.

14. Considere um futuro numa escala de tempo maior que a sua. Há muito já seguia tudo isso,por instinto.Prefiro ser pastor,não ovelha e sempre conduzir minha própria vida.


fonte: Deus, um delírio

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Nautilus - Javier Senosiain

Nautilus é uma obra de arquitetura orgânica criada por Javier Senosiain. Encontra-se situada em Naucalpan, México.a>






domingo, dezembro 06, 2009

A Extrema Brevidade: microrrelatos de uma e duas linhas - David Lagmanovich

In extremis
Logré besarla. Total, era el fin del mundo. – Ignacio Cañas Hernández

El artista
- Lo sentimos, Adolf, pero no tienes bastante talento. - Alejandro Alcalde Vicente

El dinosaurio
Cuando despertó, el dinosaurio todavía estaba allí. – Augusto Monterroso

La culta dama
Le pregunté a la culta dama si conocía el cuento de Augusto Monterroso titulado “El dinosaurio”.
—Ah, es una delicia —me respondió—, ya estoy leyéndolo. - Jose de la Colina

Motivo literario
Le escribió tantos versos, cuentos, canciones y hasta novelas que una noche, al buscar con ardor su cuerpo tibio, no encontró más que una hoja de papel entre las sábanas. – Monica Lavin

El emigrante
–¿Olvida usted algo?
–¡Ojalá! - Luis Felipe G. Lomelí

Después de la guerra
El último ser humano vivo lanzó la última paletada de tierra sobre el último muerto. En ese instante mismo supo que era inmortal, porque la muerte sólo existe en la mirada del otro. – Alejandro Jodorowski

Calidad y cantidad
No se enamoró de ella, sino de su sombra. La iba a visitar al alba, cuando su amada era más larga. – Alejandro Jodorowski

Misterios del tiempo
Cuando el viajero miró hacia atrás y vio que el camino estaba intacto, se dio cuenta de que sus huellas no lo seguían, sino que lo precedían. – Alejandro Jodorowski

Rosas
Soñabas con rosas envueltas en papel de seda para tus aniversarios de boda, pero él jamás te las dio. Ahora te las lleva todos los domingos al panteón. – Alejandra Basualto

El adivino
En Sumatra, alguien quiere doctorarse de adivino. El brujo examinador le pregunta si será reprobado o si pasará. El candidato responde que será reprobado… Jorge Luis Borges

Tú y yo
Leímos todo cuanto había sido escrito sobre el amor. Pero cuando nos amamos descubrimos que nada había sido escrito sobre nuestro amor. – Marco Denevi

Don Juan y las mujeres
A ninguna le disgusta tener antecesoras a condición de no tener sucesoras. – Marco Denevi

Preocupación
—No se preocupe. Todo saldrá bien — dijo el Verdugo.
—Eso es lo que me preocupa — respondió el Condenado a muerte. - Orlando Enrique Van Bredam

Desinencia
Cuando estaba escribiendo el cuento más breve de su vida, la muerte escribió otro más breve todavía: ven. – Juanjo Ibañez

El suicida
A la altura del sexto piso se angustió: había dejado el gas abierto. – Jose Maria Peña Vazquez

El hombre invisible
Aquel hombre era invisible, pero nadie se percató de ello. – Gabriel Jimenez Eman

Justicia
Hoy los maté. Ya estaba harto de que me llamaran asesino. – Jaime Muñoz Vargas

Autobiografía
Fracasé. Soy, como todo el mundo sabe, un perfecto desconocido. – Jaime Muñoz Vargas

Carta del enamorado
Hay novelas que aun sin ser largas no logran comenzar de verdad hasta la página 50 o la 60. A algunas vidas les sucede lo mismo. Por eso no me he matado antes, señor juez. – Juan José Millás

Padre nuestro que estás en el cielo
Mientras el sargento interrogaba a su madre y su hermana, el capitán se llevó al niño, de una mano, a la otra pieza…
- ¿Dónde está tu padre? – preguntó
- Está en el cielo – susurró él.
- ¿Cómo? ¿Ha muerto? – preguntó asombrado el capitán.
- No – dijo el niño -. Todas las noches baja del cielo a comer con nosotros.
El capitán alzó la vista y descubrió la puertecilla que daba al entretecho. - José Leandro Urbina

Link: La extrema brevedad: microrrelatos de una y dos líneas

sexta-feira, novembro 27, 2009

Nimias Cosas Mínimas

Convertidor de 100% de humedad en 99% de humedad y de 100% de silencio en 99% de ruido.

O Engano da Bondade - Pablo Neruda

Endureçamos a bondade, amigos. Ela também é bondosa, a cutilada que faz saltar a roedura e os bichos: também é bondosa a chama nas selvas incendiadas para que os arados bondosos fendam a terra.
Endureçamos a nossa bondade, amigos. Já não há pusilânime de olhos aguados e palavras brandas, já não há cretino de intenção subterrânea e gesto condescendente que não leve a bondade, por vós outorgada, como uma porta fechada a toda a penetração do nosso exame. Reparai que necessitamos que se chamem bons aos de coração recto, e aos não flexíveis e submissos.
Reparai que a palavra se vai tornando acolhedora das mais vis cumplicidades, e confessai que a bondade das vossas palavras foi sempre - ou quase sempre - mentirosa. Alguma vez temos de deixar de mentir, porque, no fim de contas, só de nós dependemos, e mortificamo-nos constantemente a sós com a nossa falsidade, vivendo assim encerrados em nós próprios entre as paredes da nossa estuta estupidez.
Os bons serão os que mais depressa se libertarem desta mentira pavorosa e souberem dizer a sua bondade endurecida contra todo aquele que a merecer. Bondade que se move, não com alguém, mas contra alguém. Bondade que não agride nem lambe, mas que desentranha e luta porque é a própria arma da vida.
E, assim, só se chamarão bons os de coração recto, os não flexíveis, os insubmissos, os melhores. Reinvindicarão a bondade apodrecida por tanta baixeza, serão o braço da vida e os ricos de espírito. E deles, só deles, será o reino da terra.

El viaje a Sudan de Tom Stoddart

Tom Stoddart es uno de los grandes de la fotografía de reportaje actual. Ha cubierto con su cámara eventos históricos como el sitio de Sarajevo, la caída del muro de Berlin, las guerras de Iraq y El Libano… Entre sus series mas impactantes esta Famine, que aparece en su libro iWitness (2004) y contiene imágenes tomadas en 1998 en el sur de Sudan. La guerra civil produjo aquel año una cruenta hambruna que se llevo la vida de casi 100.000 personas.









Y en medio de tanta miseria, el fotógrafo se encontró con esta estampa.

Nimias Cosas Mínimas

Círculo polar ártico (detalle)

terça-feira, novembro 24, 2009

Infierno - James Nachtwey

Vítima da fome recebe um saco de sais de re-hidratação oral. Sudão, 1993

segunda-feira, novembro 23, 2009

O Livre-Arbítrio não Existe - Friedrich Nietzsche

Contemplando uma cascata, acreditamos ver nas inúmeras ondulações, serpenteares, quebras de ondas, liberdade da vontade e capricho; mas tudo é necessidade, cada movimento pode ser calculado matemáticamente. O mesmo acontece com as acções humanas; poder-se-ia calcular antecipadamente cada acção, caso se fosse omnisciente, e, da mesma maneira, cada progresso do conhecimento, cada erro, cada maldade. O homem, agindo ele próprio, tem a ilusão, é verdade, do livre-arbítrio; se por um instante a roda do mundo parasse e houvesse uma inteligência calculadora omnisciente para aproveitar essa pausa, ela poderia continuar a calcular o futuro de cada ser até aos tempos mais distantes e marcar cada rasto por onde essa roda a partir de então passaria. A ilusão sobre si mesmo do homem actuante, a convicção do seu livre-arbítrio, pertence igualmente a esse mecanismo, que é objecto de cálculo.

E se a Terra tivesse anéis como Saturno?

Anti--Water Device


Aplicações de um dispositivo capaz de repelir água à distância.

A Religião como Ficção - Carlos Ruiz Zafón

A fé é uma resposta instintiva a aspectos da existência que não podemos explicar de outro modo, seja o vazio moral que percebemos no universo, a certeza da morte, a própria origem das coisas, o sentido da nossa vida ou a ausência dele. São aspectos elementares e de extrema simplicidade, mas as nossas limitações impedem-nos de responder de modo inequívoco a essas perguntas e por isso geramos, como defesa, uma resposta emocional. É simples e pura biologia.
Então, a seu ver, todas as crenças ou ideais não passariam de uma ficção.
Toda a interpretação ou observação da realidade o é necessariamente. Neste caso, o problema reside no facto de o homem ser um animal moral abandonado num universo amoral e condenado a uma existência finita e sem outro significado que não seja perpetuar o ciclo natural da espécie. É impossível sobreviver num estado prolongado de realidade, pelo menos para o ser humano. Passamos uma boa parte das nossas vidas a sonhar, sobretudo quando estamos acordados. Como digo, pura biologia.


Imagem meramente anárquica

sábado, novembro 21, 2009

Curta: Ataque de Pánico!


Robots gigantes invaden Montevideo! Un cortometraje de 5 minutos dirigido y animado por Fede Alvarez. ¿Por qué llevar casi tres horas para destruir el planeta, si puedes hacer eso en apenas cuatro minutos?

quarta-feira, novembro 18, 2009

No topo do mundo

Curta: Surprise


Un curioso corto de un minuto de duración donde no todo es lo que parece. ¿Asesinato romántico?

El brutal ataque de una “Sucuri gigante”


Con la Sucuri gigante (anaconda) quizás estemos ante la mayor serpiente conocida; las hembras, normalmente más grandes que los machos, alcanzan un promedio de entre 4 a 8 metros de largo y un peso de 45 a 180 kilos, mientras que los machos llegan a los 2 metros y medio. La mayor anaconda que se ha registrado oficialmente, fue una hembra cazada en Brasil, la cual medía 8,45m de longitud y pesaba 227 kilos. Según los expertos, los únicos depredadores capaces de enfrentarse con garantías a una anaconda adulta son los grandes caimanes, el jaguar y los seres humanos, aunque estos últimos y debido a su supina estupidez a veces con serias complicaciones

sexta-feira, novembro 13, 2009

Curta: Destino - Salvador Dali e Walt Disney


Destino é uma animação iniciada em 1945, por Salvador Dali e o animador da Disney John Hench. Por problema financeiros da empresa, o projeto não pode ser concluído, e durante 58 anos o que se tinha era apenas um segmento de 18 segundos feito por Hench, na esperança que a proposta de execução fosse reavaliada.
Mas em 1999, Roy Edward Disney decidiu retomar a produção de Destino, enquanto trabalhava no filme Fantasia 2000. Produzido por Blake Bloodworth, dirigido por Dominique Monfrey e com um time de 25 animadores, a animação foi concluída em 2003, guiada pelas storyboards de Dali e Hench. Apesar de algumas partes computadorizadas, a maior parte do processo de animação foi tradicional, contendo também o segmento original de 18 segundos - a parte das tartarugas. Enfim, é uma animação genial e não tinha como ser diferente

Simulação de impacto do meteoro Apophis em 2036

sábado, novembro 07, 2009




sexta-feira, novembro 06, 2009

Curta: Stormbirds

Stormbirds from Phil Shoebottom on Vimeo.

40 maneiras de se irritar um ateu


1. Pergunte-lhe porque odeia Deus.
2. Diga que se não há Deus todos poderiam sair matando por aí.
3. Peça-lhes para rezar com você.
4. Convide os filhos dele para ir à igreja com você.
5. Diga que Deus existe e que você pode provar, pois a Bíblia diz o mesmo.
6. No fim de uma discussão sobre o assunto acabe com “eu sei que você é mais esperto que eu, mas eu estou certo”.
7. Diga que sabe que no fundo ele tem certeza de que Deus existe.
8. Sempre deixe claro que, como ateu, ele irá para o inferno.
9. Não tenha medo de usar a frase “tenho pena de você”.
10. Acuse-o de deliberadamente ignorar o óbvio.
11. Diga que falta de provas não provam que não aconteceu.
12. Não tenha medo de usar a frase “Ele trabalha de formas misteriosas”.
13. Não tenha medo de usar a frase “somos muito pequenos para entender o Seu raciocínio”.
14. Insista dizendo que a fé é a única resposta lógica.
15. Não tenha medo de usar a frase “você não vê o ar, mas ele também existe”.
16. Fale que você era um bebum, viciado em drogas, batia na esposa, abusava dos filhos, não tinha um bom emprego e, como se não bastasse, ainda adorava rock pesado. Mas encontrou Jesus…
17. Não tenha medo de usar a frase “você ainda vai precisar Dele”.
18. Acorde-o às 8 da manhã de um domingo e lhe entregue um panfleto religioso.
19. Sempre que ele dizer que é ateu dê um salto enorme para trás, como se aquilo fosse contagioso.
20. Depois que o ateu der um sermão explicando tudo que pensa e que prova que Deus não existe use o método mais fácil de contra-resposta: Dê um longo suspiro antes de começar as próximas frases.
21. Explique que as 42 crianças que foram rasgadas por ursos enviados por Deus não eram crianças de verdade, e sim sementes do Diabo. (2rs 2:24)
22. Se um ateu perguntar a você se sacrificaria o seu filho em nome de Deus responda: “Deus nunca me pediria isso”.
23. Diga que Deus responde todas as suas orações, às vezes a resposta é “não”.
24. Diga que os cristãos não são perfeitos; apenas perdoados de tudo que fazem de errado.
25. Diga que as últimas palavras do Buda foram: “Perdoe-me, Jesus”.
26. Explique que Deus não prova que existe pois assim iria eliminar a necessidade de fé.
27. Não tenha medo de usar a frase “é exatamente o que o Diabo quer”.
28. Tente exorcizá-lo.
29. Diga que ir à igreja é, além de necessário, muito divertido.
30. Quando vocês estiverem discutindo e o ateu estiver levando uma melhor, não deixe de parar tudo que está fazendo e comece logo a fazer orações em voz alta, muito alta.
31. Envie informações anônimas para a polícia dizendo que ele guarda drogas na garagem.
32. Pergunte porque ele só se concentra nas partes ruins da Bíblia.
33. Diga que Deus pode curar a AIDS.
34. Diga que se Deus não curar a AIDS, pelo menos será melhor que passar a eternidade no inferno.
35. Pergunte a quem ele recorre quando está com medo.
36. Use muitos verbos transitivos intransitivos: “Jesus ressuscitou dos mortos”.
37. Toda vez que ele dizer que Deus não existe dê uma gargalhada sinistramente religiosa (você vai entender na hora certa o que fazer).
38. Quando ele falar algo sobre a homossexualidade diga que Deus criou Adão e Eva, e não Adão e Ivo.
39. Sempre que houver uma tragédia nacional diga que tudo isso é culpa de pessoas que nem ele.
40. Se nada adiantar, dê-lhe um soco na cara.

quinta-feira, novembro 05, 2009

Nimias Cosas Mínimas


- Única palabra más grande que su significado

fuente: Nimias Cosas Mínimas

Curta: The Lighthouse Keeper

Feito por alunos da escola Gobelins, uma escola de arte francesa voltada as artes visuais. Criada pela Câmara de comércio e indústria de París em 1975 por Pierre Ayma, a L'école promove treinamento em tempo integral, cursos de meio período e programa de educação contínua para adultos nas áreas de multimídia interativa, animação, comunicação gráfica e impressa, fotografia e vídeo.

terça-feira, outubro 27, 2009

O Poema Mais Curto já Feito

¿Y esa luz?
-Es tu sombra…

Dulce María Loynaz nasceu em Havana (Cuba) em 10 de dezembro de 1902. Em 1993, viajou a España para receber das mãos do Rei Juan Carlos o Prêmio Cervantes. Para ver mais poemas seus, clique AQUI.

Curta - Historia de un letrero


O curta-metragem “Historia de un letrero”, do mexicano Alonso Alvarez Barreda, ganhou o prêmio Special Cannes 2008 outorgado em março desse mesmo ano.

Com ele competiram quase dois mil curtas de todoo mundo. Ás vezes, a vida passa-nos indiferente aos olhos. Porque ás vezes, olhamos sem ver. Na Historia de un letrero depressa se percebe que as palavras, a forma como se empregam e o seu alcançe é que dinamiza a acção/intenção que delas se pretende.

Curta - "Palíndromo" de Philippe Barcinski

Um homem perde tudo que tem. Uma história simples contada de forma inusitada.

Pink Floyd - Great Gig In The Sky ou The Dark Side of the Rainbow


Dark Side of the Rainbow (em português, O Lado Sombrio do Arco-íris) é o nome dado ao efeito criado ao tocar o álbum conceitual do Pink Floyd The Dark Side of the Moon de 1973 simultaneamente com o filme de 1939 O Mágico de Oz. O efeito consiste no fato de que há diversos momentos em que uma obra corresponde a outra, seja por parte das letras das músicas ou pela sincronia áudio-visual.

O nome do efeito vem da combinação do título do disco (The Dark Side of the Moon seria O Lado Sombrio da Lua, uma metáfora para ilustrar os conceitos de lado negativo da mente e da vida) e da icônica canção do filme Over the Rainbow (Além do Arco-Irís).

Curta - Mon Chinois

Melhor curta-metragem segundo o júri popular (RJ) do Anima Mundi 2009

Ladrón de Sábado - Gabriel García Márquez

Hugo, un ladrón que sólo roba los fines de semana, entra en una casa un sábado por la noche. Ana, la dueña, una treintañera guapa e insomne empedernida, lo descubre in fraganti. Amenazada con la pistola, la mujer le entrega todas las joyas y cosas de valor, y le pide que no se acerque a Pauli, su niña de tres años. Sin embargo, la niña lo ve, y él la conquista con algunos trucos de magia. Hugo piensa: “¿Por qué irse tan pronto, si se está tan bien aquí?”. Podría quedarse todo el fin de semana y gozar plenamente la situación, pues el marido - lo sabe porque los ha espiado - no regresa de su viaje de negocios hasta el domingo en la noche. El ladrón no lo piensa mucho: se pone los pantalones del señor de la casa y le pide a Ana que cocine para él, que saque el vino de la cava y que ponga algo de música para cenar, porque sin música no puede vivir.
A Ana, preocupada por Pauli, mientras prepara la cena se le ocurre algo para sacar al tipo de su casa. Pero no puede hacer gran cosa porque Hugo cortó los cables del teléfono, la casa está muy alejada, es de noche y nadie va a llegar. Ana decide poner una pastilla para dormir en la copa de Hugo. Durante la cena, el ladrón, que entre semana es velador de un banco, descubre que Ana es la conductora de su programa favorito de radio, el programa de música popular que oye todas las noches, sin falta. Hugo es su gran admirador y. mientras escuchan al gran Benny cantando Cómo fue en un casete, hablan sobre música y músicos. Ana se arrepiente de dormirlo pues Hugo se comporta tranquilamente y no tiene intenciones de lastimarla ni violentarla, pero ya es tarde porque el somnífero ya está en la copa y el ladrón la bebe toda muy contento. Sin embargo, ha habido una equivocación, y quien ha tomado la copa con la pastilla es ella. Ana se queda dormida en un dos por tres.
A la mañana siguiente Ana despierta completamente vestida y muy bien tapada con una cobija, en su recámara. En el jardín, Hugo y Pauli juegan, ya que han terminado de hacer el desayuno. Ana se sorprende de lo bien que se llevan. Además, le encanta cómo cocina ese ladrón que, a fin de cuentas, es bastante atractivo. Ana empieza a sentir una extraña felicidad.
En esos momentos una amiga pasa para invitarla a comer. Hugo se pone nervioso pero Ana inventa que la niña está enferma y la despide de inmediato. Así los tres se quedan juntitos en casa a disfrutar del domingo. Hugo repara las ventanas y el teléfono que descompuso la noche anterior, mientras silba. Ana se entera de que él baila muy bien el danzón, baile que a ella le encanta pero que nunca puede practicar con nadie. Él le propone que bailen una pieza y se acoplan de tal manera que bailan hasta ya entrada la tarde. Pauli los observa, aplaude y, finalmente se queda dormida. Rendidos, terminan tirados en un sillón de la sala.
Para entonces ya se les fue el santo al cielo, pues es hora de que el marido regrese. Aunque Ana se resiste, Hugo le devuelve casi todo lo que había robado, le da algunos consejos para que no se metan en su casa los ladrones, y se despide de las dos mujeres con no poca tristeza. Ana lo mira alejarse. Hugo está por desaparecer y ella lo llama a voces. Cuando regresa le dice, mirándole muy fijo a los ojos, que el próximo fin de semana su esposo va a volver a salir de viaje. El ladrón de sábado se va feliz, bailando por las calles del barrio, mientras anochece.

Curta - Tarantino's Mind

Tarantino's Mind é um filme de curta-metragem brasileiro, estrelado por Seu Jorge e Selton Mello, com direção e roteiro coletivo da 300 ML e produção da Republika Filmes.
Esteve entre os dez filmes internacionais mais votados pelo público na décima oitava edição do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo.

A história se resume em dois amigos que se encontram em um bar para falar sobre uma teoria de ligações entre os personagens dos filmes do diretor norte-americano Quentin Tarantino.

Curta - Tezcatlipoca

Tezcatlipoca é um dos três grandes deuses da mitologia asteca: é o deus do céu noturno, da lua e das estrelas; senhor do fogo e da morte. Ás vezes é representado como um jaguar e carrega no peito um espelho através do qual podia ver toda a humanidade.
Segundo uma lenda mexica, relatada pelo frei Andrés de Olmos, à pedido do Sol, os deuses se auto-sacrificaram no processo de criação do universo. Isso aconteceu em Teotihuacan e provocou um grande desespero nos seres humanos, que passaram a vagar à procura de seus deuses, chorando e rogando. Num determinado momento, Tezcatlipoca os encontrou e se compadeceu, orientando-os para que preparassem uma festa, com muita música e preces em sua honra. Finalmente, os deuses voltaram a se comunicar com seus filhos humanos e desde então, as preces e a música se tornaram elementos fundamentais nos cultos da região.
Desta forma, Tezcatlipoca é encarado como o deus responsável pela introdução desses elementos, além dos sacrifícios, na religião asteca.

Fonte: Wikipédia

Curta - 16: Moments de Will Hoffman



Inspirado no livro "Sun" de David Eagleman

Instantes - Nadine Stair

Si pudiera vivir nuevamente mi vida.
En la próxima trataría de cometer más errores.
No intentaría ser tan perfecto, me relajaría más.
Sería más tonto de lo que he sido, de hecho
tomaría muy pocas cosas con seriedad.
Sería menos higiénico.
Correría más riesgos, haría más viajes, contemplaría
más atardeceres, subiría más montañas, nadaría más ríos.
Iría a más lugares adonde nunca he ido, comería
más helados y menos habas, tendría más problemas
reales y menos imaginarios.
Yo fui una de esas personas que vivió sensata y prolíficamente
cada minuto de su vida; claro que tuve momentos de alegría.
Pero si pudiera volver atrás trataría de tener
solamente buenos momentos.
Por si no lo saben, de eso está hecha la vida, sólo de momentos;
no te pierdas el ahora.
Yo era uno de esos que nunca iban a ninguna parte sin termómetro,
una bolsa de agua caliente, un paraguas y un paracaídas;
Si pudiera volver a vivir, viajaría más liviano.
Si pudiera volver a vivir comenzaría a andar descalzo a principios
de la primavera y seguiría así hasta concluir el otoño.
Daría más vueltas en calesita, contemplaría más amaneceres
y jugaría con más niños, si tuviera otra vez la vida por delante.
Pero ya tengo 85 años y sé que me estoy muriendo.

Para ler em português clique AQUI

16 cosas que me tomó 50 años aprender de Dave Barry

A veces lees algunas cosas de las que siempre has estado muy seguro, aunque no sepas por qué. Aquí hay una lista que publicó Dave Barry, y que ya he visto en varios sites.
1. Nunca, bajo ninguna circunstancia, tomes una píldora para dormir y un laxante la misma noche.
2. Si tuvieras que definir con una sola palabra, por qué la raza humana no ha aprovechado y nunca lo hará, su total potencial, esa palabra sería “reuniones”.
3. La línea que separa a “hobby” de “enfermedad mental” es muy delgada.
4. Las personas que quieren compartir sus puntos de vista religiosos contigo casi nunca quieren que tú compartas el tuyo con ellas.
5. Nunca debes confundir tu carrera con tu vida.
6. A nadie le importa si no bailas bien. Levántate y baila.
7. Nunca lamas un cuchillo de carne.
8. La mayor fuerza destructiva del universo son los chismes/cotilleos.
9. Nunca encontrarás a alguien que pueda darte una razón clara y contundente a favor de los cambios horarios para ahorrar energía.
10. Nunca debes decir nada a una mujer que pueda significar remotamente que piensas que está embarazada a menos que estés viendo a un bebé salir de ella en ese momento.
11. Hay un momento en el que debes dejar de esperar que tu cumpleaños sea algo relevante para el resto de la gente. Ese momento es cuando tienes 11 años de edad.
12. La única cosa que une a todos los seres humanos, sin importar edad, sexo, religión, estatus económico o etnicidad, es que, muy profundamente, todos creemos que somos mejores conductores que el resto.
13. Una persona que es agradable contigo, pero trata mal a un camarero, no es una persona agradable. (Esto es muy importante. Presta atención. Nunca falla.)
14. Tus amigos te quieren a pesar de todo.
15. Nunca tengas miedo de probar cosas nuevas. Recuerda que un amateur solitario construyó el Arca. Un gran grupo de profesionales construyó el Titanic.
16. Pensamiento del día: Los hombres son como el buen vino. Comienzan siendo uvas, y depende de las mujeres quitarles a golpes, lo que sobra hasta que quede algo aceptable con lo que acompañar una cena.

Para ler em inglês clique AQUI

terça-feira, novembro 20, 2007

Filme: Zeitgeist



ps: legendas em espanhol

sexta-feira, julho 13, 2007

Sexta-feira 13, a origem

A superstição que ronda o número 13 é, sem dúvida, uma das mais populares. Sua origem é pagã, e não cristã, como muitos pensam, e remonta a duas lendas da mitologia nórdica. De acordo com a primeira delas, houve no Valhalla, a morada dos deuses nórdicos, um banquete para o qual 12 divindades foram convidadas. Loki, deus do fogo, ficou enciumado por não ter sido chamado e armou uma cilada: ludibriou um deus cego para que este ferisse acidentalmente o deus solar Baldur, que era o favorito de seu pai, Odin, o deus dos deuses. Daí surgiu a idéia de que reunir 13 pessoas para um jantar era desgraça na certa.

A associação com a sexta-feira vem da Escandinávia e refere-se a Frigga, a deusa da fertilidade e do amor. Quando as tribos nórdicas e alemãs foram obrigadas a se converter ao cristianismo, a lenda transformou Frigga em bruxa, exilada no alto de uma montanha. Dizia-se que, para se vingar, ela se reunia todas as sextas-feiras com outras 11 bruxas e o demônio, num total de 13 entes, para rogar pragas sobre os humanos. Isso serviu para incitar a raiva e a animosidade das pessoas contra Frigga, embora nem sequer existissem figuras malignas como o Diabo nessas culturas. Como a sexta-feira era um dia consagrado à deusa e, portanto, ao feminino, o advento do patriarcado fez com que esse dia fosse o escolhido para ser um dia amaldiçoado, como tudo o que dizia respeito às mulheres - a menstruação, as formas arredondadas, a magia, o humor cíclico, o pensamento não-linear etc.

A Última Ceia, portanto, é uma posterior releitura dos mitos originais, onde havia 13 à mesa, às vésperas da crucificação de Jesus, que ocorreu em uma sexta-feira. O 13º convidado teria sido o traidor causador da morte de Jesus, exatamente como Loki foi o causador da morte do filho de deus.

A idéia do 13 como um indício de má sorte surge da concepção que o judaico-cristianismo tem da morte, que não é, necessariamente, a idéia que Jesus teria tido. Especula-se, inclusive, que Jesus, sendo um sábio iniciado, possa ter estipulado o número de pessoas à mesa em 13 precisamente por causa da magia do número. Nas cartas do tarô, o Arcano 13 é a carta da morte, até por uma possível associação com as letras hebraicas. Estudiosos da prática interpretam a carta como um sinal de mudanças de pontos de vista, de formas de viver, e profundas transformações internas e externas. Mesmo quando se refere à morte física, na concepção religiosa, esta não representa um fim em si mesma, afinal os povos antigos viam a morte como transmutação, uma passagem para outro mundo ou plano de existência, em geral com uma conotação evolutiva. Por esse motivo, as tradições de magia ocidental, como a Wicca (bruxaria moderna), sugerem o número de 13 participantes em rituais.

Lendas à parte, o fato é que, muitas pessoas, supersticiosas, evitam viajar na sexta-feira 13; a numeração dos camarotes de teatro omite, por vezes, o 13; em alguns hotéis não há o quarto de número 13, que é substituído pelo 12-a; muitos prédio pulam do 12º para o 14º andar, temendo que o 13º traga azar; há pessoas que pensam que participar de um jantar com 13 pessoas traz má sorte, porque uma delas morrerá no período de um ano. A sexta-feira 13 é, enfim, considerada um dia de azar e toma-se muito cuidado quanto às atividades planejadas para este dia.

Essa interpretação, porém, é tão arbitrária quanto regionalizada, já que em vários outros locais do planeta o número 13 é estimado como símbolo de boa sorte. O argumento dos otimistas se baseia no fato de que o 13 é um número afim ao 4 (1 + 3 = 4), sendo este um símbolo de próspera sorte. Na Índia, o 13 é um número religioso muito apreciado e os pagodes hindus apresentam normalmente 13 estátuas de Buda. Na China, é comum os dísticos místicos dos templos serem encabeçados pelo número 13. Também os mexicanos primitivos consideravam o número 13 como algo santo e adoravam, por exemplo, 13 cabras sagradas.

O que então faz a diferença? O que faz com que o número 13 e a sexta-feira sejam positivos para alguns e negativos para outros, e ainda neutros para outros?

Mais uma vez é tudo uma questão de sintonia. Somos o que pensamos, transformamo-nos naquilo em que acreditamos, vivemos naquilo em que criamos para nós mesmos. Cultivadas e difundidas há séculos, estas lendas vêm criando à sua volta todo um complexo espiritual e energético, alimentado e suportado pelas próprias mentes que crêem em seus relatos ou que, mesmo não conhecendo estes relatos, crêem nestas superstições.

Pensamentos e sentimentos são energia. Tudo o que pensamos e sentimos gera modificações vibratórias nas nossas energias, na nossa aura, no ambiente à nossa volta. E o mesmo acontece quando expressamos, ainda que silenciosamente, as nossas crenças, os nossos medos, as nossas superstições, opiniões, etc.

Crenças, símbolos, mitos e lendas cultivados por muito tempo e por muitas gerações tendem a criar imensos campos vibratórios coletivos (holopensenes), formados pelas emanações mentais e emocionais de todas as criaturas que, de alguma forma, se afinizaram e ainda se afinizam com os seus objetivos, princípios ou idéias. Como são muito grandes e também muito fortes, campos como estes podem perdurar por séculos ou nunca se extinguir se sempre houver alguém disposto a realimentá-los com suas crenças e idéias, modificando as energias ao seu redor e entrando em sintonia com aquelas energias.

Esses campos imensos estão por aí, suspensos, pairando sobre nós. Imaginemos, assim, o campo vibratório referente à desavisada "sexta-feira 13". Quantas e quantas criaturas o vêm realimentando? E há quanto tempo? Baseadas em quê? Lendas antigas? Ou mitos criados por religiosos que nada mais desejavam do que afastar os povos de suas crenças originais por meio do medo para alcançar mais poder?

De que tamanho será que ele está hoje? E a cada sexta-feira 13 que aparece no calendário ele se torna um pouco maior, e mais forte, alimentado por supersticiosos que insistem em continuar repetindo mecanicamente manias dos seus antepassados.

A sexta-feira e o 13, juntos ou separados, na verdade, nada podem. Eles mesmos não têm poder algum. São inofensivos. O poder está em quem acredita que eles têm poder. O poder, para o bem ou para o mal, está em que acredita que eles podem criar, gerar ou fazer o bem ou o mal. Assim, se alguém acreditar que a sexta-feira 13 dá ou traz azar, irá se conectar ao respectivo campo vibratório já existente, contaminando-se de toda a angústia, o medo e o terror armazenados lá, atraindo para si algo da energia "ruim" que há ali, podendo, assim, provocar algo de "ruim" em sua vida. Não é, portanto, a sexta-feira 13 que traz azar, mas o supersticioso que vai buscá-lo toda sexta-feira 13, com os seus pensamentos, o seu medo, a sua própria angústia e falta de confiança.

O problema é que há tanta gente adepta do dito popular "no creo en las brujas, pero que las hay, las hay", que, sempre que aparece uma sexta-feira 13, o ambiente fica mais pesado, pelas emanações das pessoas que, "só por precaução", ficam ligadas, procurando "sinais" de azar, tentando passar ilesas pelo dia amaldiçoado. E aí, fica parecendo que a superstição tem algum fundamento...

Fonte: Cláudia Hauy, socióloga. Extraído em parte da Revista Galileu.

terça-feira, julho 10, 2007

quarta-feira, julho 04, 2007

Do Eros nos ensinamentos de Diotima de Mantinéia - Esteban Reyes

O Amor, uma das vias possíveis para o filósofo atingir o Inteligível, a imortalidade.

Eros: Amor, desejo, princípio cosmológico. Eros é uma força motriz num modelo sexual usada para explicar o "casamento" e o "nascimento" dos elementos mitológicos, uma espécie de "Primeiro Motor". Em Parmênides ele é o daimon "que tudo guia". Nas cosmogonias órficas ele tudo une e, destas uniões, nasce a raça dos deuses imortais, neste caso, apresenta-se o amor como uma emoção humana elevada ao nível de uma força cosmológica. Empédocles considera o amor (philotes) e o conflito ou luta (neikos) como princípios de união e separação, respectivamente, dos elementos que constituem o universo. Contudo, Platão orienta o significado de Eros para um novo sentido onde o amor humano é reorientado em direção a um amor filosófico.
Poderíamos perguntar até que ponto o amor platônico é ainda um legado socrático, um conceito de passagem entre a filosofia imanente de Sócrates e a filosofia transcendente de Platão. A importância do amor, para Sócrates, fica evidente quando este afirma: não saber nada a não ser a respeito do amor. Se o amor em Sócrates já pressupõe a ultrapassagem do próprio ser em função do caráter demoníaco que resulta da inspiração erótica, em Platão ele aparece já como um amor verdadeiramente filosófico, cujo objeto será determinado.
Essencialmente Platão desenvolve o problema do Amor em três dos seus diálogos: Lísis, Banquete e Fedro, certamente nesta mesma ordem cronológica de redação. No primeiro, um diálogo aporético, Platão apresenta o problema do amor sem lhe dar um desenvolvimento maior. Já no segundo diálogo mencionado, o autor expõe extensamente este problema. E por último, no Fedro, são esclarecidos alguns pontos que ficaram em aberto no Banquete.
Resumidamente o Lísis trata do amor como philia, isto é, amizade, da essência da amizade. Pela primeira vez Platão busca uma definição desta atração entre os homens, sugere que talvez ela seja análoga à atração do semelhante pelo semelhante,ponto de vista rejeitado, assim como o da atração dos dissemelhantes. Logo a seguir, apresenta-se um princípio que remonta à teoria médica tendo aplicações importantes nas teorias contemporâneas do prazer (hedone): o desejo (epithymia) e o seu conseqüente, o amor, é dirigido para o preenchimento de uma falta (endeia) e o seu objeto, por conseguinte, é algo que é apropriado (oikeion), algo que não é idêntico nem totalmente dissemelhante e contudo deficiente na nossa constituição.
Se no Líses procurou-se saber quem deve manter amizade, no Banquete esse "quem" está de antemão indicado. Trata-se do Eros, não uma idéia, mas o próprio deus do amor, no sentido de afeto centralizado pelo sexo. Na sucessão dos discursos que elogiam Eros, acabamos encontrando a definição da sua natureza.
No Banquete, o amor é um desejo dirigido para o belo (kallos) e necessariamente envolve a noção de uma necessidade ou falta (endeia). Através de um mito, que teria sido revelado por Diotima de Mantinéia, Eros aparece como um grande daimon, um dos intermediários (metaxu) entre o divino e o mortal, entre a sabedoria e a ignorância. Eros é definido como o desejo de que o bem seja nosso para sempre, e também, como a procura por uma natureza mortal, da imortalidade que ele realiza gerando (genesis).
Em seguida, continua o relato dos ensinamentos de Diotima, com uma exposição do verdadeiro amor. O concurso dos belos corpos gera belos discursos (logoi). O amante afasta-se de um único corpo e torna-se um amante de todos os corpos belos, daí volta-se para as belas almas, as leis, observâncias, e o conhecimento (episteme), libertando-se sempre da ligação ao particular, até que "subitamente" lhe é revelada a visão da própria beleza, o belo em si (auto to kalon).
No Fedro, inicialmente, aparece a definição do Eros como um desejo irracional dirigido para o gozo da beleza. Mais tarde,esta significação é desdita. A irracionalidade do amor é, na verdade, um tipo de loucura divina (theia mania) e está presente na alma como reflexo da lembrança (anamnesis) que a alma tem dos eide que lhe foram revelados antes da sua "perda de asas". É a alma do filósofo que primeiro recupera estas asas pelo exercício da recordação que ela tem dos eide e pela orientação da sua vida em concordância. O filósofo é a isto estimulado pela visão da beleza terrena. É a beleza que particularmente move a nossa recordação porque ela opera através do mais agudo dos nossos sentidos, a visão.

O Banquete
O Banquete é um diálogo que apresenta os discursos de sete convivas sobre o amor. Dramaticamente, é talvez o mais bem-sucedido dos diálogos platônicos. Cada participante tem sua individualidade e a cada um compete fazer valer seus talentos individuais (orador, médico ou poeta). Platão prepara-nos gradualmente, para a revelação final, o poder filosófico do amor. Percorramos então este caminho.
Fedro fala como um jovem, mas como jovem que tem as paixões purificadas pelo estudo da filosofia. Faz de Eros o deus mais antigo e, por conseguinte, o mais venerável, suscitando no homem o desejo de virtude, fonte de heroísmo e de moralidade, uma definição que apenas reintroduz o sentido arcaico e tradicional da divindade.
Pausânias, homem amadurecido, a quem a idade e a filosofia tem-lhe ensinado o que a juventude não sabe, constrói sua argumentação sobre a distinção entre uma Afrodite celeste e uma Afrodite vulgar. Como há duas Afrodites, há dois Eros e duas formas de Amar.
Erixímaco expressa-se como médico, indo além do quadro estritamente humano, vê no amor a força que governa o mundo e rege os fenômenos, tanto biológicos quanto cosmológicos; define Eros como a união dos contrários, num discurso que tem ecos empedocleanos.
Aristófanes, com a eloquência do poeta cômico, ocultando sob uma forma burlesca pensamentos profundos, conta a história mítica do "andrógino". Os primeiros homens eram duplos (macho-macho, fêmea-fêmea, macho-fêmea) e Zeus, como castigo, os dividiu ao meio. Desde então os homens vivem na privação e nostalgia da outra metade. É disso que nasce o amor, marcado pela ausência e negatividade. A nostalgia do ser amado suscita o desejo, a penúria incita à busca, cada parte tateia à procura por sua metade perdida e da sua completude original. Eros, ao contrário do afirmado por Erixímaco, é a união dos semelhantes separados. Eros é um na sua essência, e sua função é, precisamente, recriar a unidade. Eros é o único deus a poder curar o mal que cinde originariamente o homem e trazer-lhe a felicidade: reencontrar no amor sua unidade original.
Agatão, jovem e belo verdadeira encarnação do kalos kagatos grego, é em honra por sua vitória no concurso de arte dramática que se realiza o Simpósion. Num elogio verboso e sofisticado, próprio do poeta, porém confuso, artificial e vazio, atribui a Eros todas as perfeições imagináveis.
Sócrates relata os ensinamentos da sacerdotisa Diotima de Mantinéia: Eros, "intermediário" entre os homens e os deuses, é um meio que permite ir mais além na direção do inteligível; ele nos inspira o desejo de ter sempre o bem; sua ação é uma geração que garante aos mortais a imortalidade que lhes é possível.
Alcibíades, que chega no decorrer do banquete, acompanhado de jovens pândegos, fecha com verve e paixão o diálogo, com um notável elogio a Sócrates e, por meio dele, à filosofia.

A imagem filosófica do amor:
Por mais ricos que sejam os cinco primeiros elogios do amor, em erudição, humor, imagens poéticas ou referências mitológicas, não passam de aproximações insuficientes, que qualificam o amor sem apreender sua natureza. Ao chegar a vez de Sócrates, a filosofia tem a palavra; há de falar-se da natureza do amor.
Eros deseja o que não possui, desejando o belo e o bom, está privado deles. Não poderia, portanto, ser um deus, já que está marcado por essa falta. Contudo, não é mortal. Será, então, um "intermediário" (metaxu) entre um e outro. Sendo meio e mediador entre dois mundos (sensível e inteligível, mortal e imortal), participa dos dois ao mesmo tempo. Mas também é um intermediário entre a ignorância e o saber, e por isso o amor é dito ser filósofo. Não sabe, mas sabe que não sabe. Eros está consciente da sua carência e aspira a preenchê-la, daí parte à conquista do saber, do bem, do belo, da imortalidade.

O mito genealógico:
Quando se trata de falar da genealogia do Amor, Platão abre mão da sua tradicional argumentação dialética, e nos oferece um curto, porém fascinante mito. Isto porque, sem dúvida, o Amor tem um fundo de mistério, e quando este se desvenda não é por demonstração, mas sim por revelação imediata.
Eros é um daimon,algo entre o mortal e o imortal, cuja função é essencialmente a de síntese, uma síntese das caraterísticas herdadas de seus pais. O mito do nascimento do Amornos apresenta Eros filho de Poros, ele mesmo filho de Mátis (Sabedoria, Inteligência prática) e Penia. O nome da mãe (Penia) pode ser traduzido sem dificuldades por pobreza, penúria, escassez, inópia, indigência. Já com o nome do pai (Poros), as coisas não são tão simples assim, há quem o traduza por "abundância", "fartura", "plenitude", "riqueza". Se fosse assim, teríamos o Amor como fruto de dois contrários, pobreza e riqueza, o que não é bem verdade. Poros, melhor traduzido, quer dizer recurso, passagem, abertura, saída. Deste modo Poros é aquele que tem saída para tudo, tem os recursos necessários para resolver os problemas.
Com tal natureza e função, a unidade desse daimon consiste em inspirar nos homens o desejo de possuir o que é belo e o que é bom não apenas momentaneamente, mas sempre. Ninguém ama verdadeiramente se ao mesmo tempo não deseja que seu amor dure para sempre. Eros não é só o amor do que é belo, mas da geração no que é belo. Por ter sido gerado no dia do nascimento de Afrodite, nasce sob o signo da beleza.
Eros herdou de seus pais uma feliz mistura, porém, não estável: mendigo e investigador, inquieto e apaixonado, pobre em bens materiais, mas rico em recursos potenciais, não tem nada, mas quer muito. Tem uma natureza dinâmica, mas instável, um caráter ardente, mas caprichoso, uma engenhosidade inventiva, mas insatisfeita. Está em penúria, mas conhece sua penúria; quer sair de si e aspira por saber, por beleza e por fecundidade.
O mito do nascimento do amor apresenta um Eros numa posição diametralmente oposta às fixadas pelos discursos anteriores. Contra Agatão que ressalta as virtudes do amor, temos fragilidade e instabilidade. Opondo-se a Pausânias, temos apenas um único Eros, porém, com uma unidade complexa e rica em virtualidades. Contra o mito de Aristófanes, Eros é inovador é fecundo, estimula o que ama, incita-o a criar e ir mais além. Abre-se para o inédito, inventa o novo e prolonga-se, a si mesmo, numa criação original.
Tanto no mito de Diotima quanto no de Aristófanes, aparece a idéia da dualidade do homem, conflituoso pelas contradições de sua natureza, dilacerado por suas carências e suas esperanças, pela fragilidade de seu ser e o ardor de suas aspirações. O próprio sentido de filosofia, para Platão, não deixa de ser uma tensão de todo o ser em direção a um objeto que não temos ou que já perdemos por esquecimento. Assim, este "amor pela sabedoria" é primeiro carência, consciência de uma carência, depois a implementação de recursos para suprir essa carência. Contudo, os ensinamentos de Diotima vão muito mais longe do que o mito de Aristófanes. O amor é muito mais do que a tensão de dois seres um face ao outro. O amor é "parto na beleza, de acordo com a alma e o corpo", é fecundo, procriador ou, de maneira mais geral, criador. Para além da hipótese de dois seres presos a um passado perdido, o amor convida à superação, abre-se ao inédito e assegura, mediante a criação, a passagem da mortalidade à imortalidade. A finalidade não é o prazer individual e imediato da beleza, mas sim, a perpetuação da vida por intermédio de um ato criador ao qual assiste a Beleza. A procriação é um atributo divino do animal mortal. Eros é, em última instância, o desejo de imortalidade. O amor, aqui, é uma tensão dinâmica e extrovertida, que estimula, enriquece e eleva o indivíduo que ama. O amor é motor para a transcendência.
Em todos os discursos sobre Eros, aparece a descrição do seu comportamento e dos seus impulsos. Contudo, para Diotima, o alvo dos seus impulsos é aqui, não o prazer superior da amizade masculina, entendida como um clima de virtude e uma condição de educação, nem aquela procura de uma metade perdida, que corrigiria em parte nossa irremediável mutilação, mas simplesmente os belos seres (ta kala).Como será visto mais adiante, belos podem ser os corpos, as almas, as leis, as ciências, etc. Eros amante da beleza, necessariamente terá que amar a sabedoria, bela entre as coisas mais belas, assim o Amor, conclui Diotima, é filósofo.

Dialética erótica:
A segunda parte dos ensinamentos da sacerdotisa Diotimapode ser considerado muito mais um discurso inspirado do que propriamente um mito. É um "mistério", uma revelação que se apresenta à maneira de uma narrativa iniciática. Essa narrativa apresenta três caraterísticas: é contínua; inspirada; e sugestiva e evocadora. Não é um mito mas se move no campo do mito platônico.
Segundo o discurso de Diotima o objeto do amor é o parto na beleza, tanto no corpo como na alma. Além da tensão em direção ao que não se tem, agora aparece um novo elemento: a fecundidade. O amor é fecundo, tanto na procriação ao nível do corpo, quanto ao nível intelectual ou espiritual. O amor é criação, motor para a transcendência. A partir da beleza sensível (deste mundo), vamos subindo degrau por degrau a escada que nos levará até a beleza em si, a beleza absoluta do mundo inteligível.
Quando o amante encontra uma bela alma, esta união amorosa gera não uma criança (paida), mas sim belos discursos (logos), com a finalidade de educar (paideuein). A partir da correspondência dos termos gregos, podemos entender paideuein com o sentido de "fazer uma criança", sendo assim os discursos podem ser considerados como "os filhos do amor espiritual". Com isto, os discursos com o propósito de educar, isto é, de fazer espiritualmente uma criança, são o fruto da geração de um novo ser, ser este que garante ao seu criador uma imortalidade desta vez ao nível espiritual, da alma.
Os graus, ou "degraus" da iniciação à beleza são na realidade três, cada um deles dividido, por sua vez, em dois momentos. Primeiro o amante afeiçoar-se-á a um corpo belo, então fará belos discursos; depois verá que a beleza de um corpo é irmã da beleza de todos os outros, assim, passará a amar todos os corpos belos. O segundo degrau permite passar do amor pelos corpos ao amor pelas almas. O verdadeiro discípulo do Eros afeiçoar-se-á, num primeiro momento, a uma alma em particular, para depois descobrir a beleza moral, a dos atos, que torna belas todas as atividades e comportamentos humanos. Já a terceira etapa, o iniciado passará dos atos às ciências. Aqui, também, num primeiro momento o amor será amor das particularidades das ciências para, em seguida, expandir-se num amor pela ciência ou saber em geral, e enfim alcançar a ciência única, a da Beleza.
Lá subitamente desvenda-se a beleza eterna e única, o Belo em si e por si, contempla-se a verdade nela mesma, a beleza divina nela mesma, na unidade da sua forma. A iniciação tendo sido lenta e gradual, a revelação, no entanto, é súbita e instantânea. Livre da multiplicidade das aparências e da volubilidade das opiniões, sua existência reside inteiramente na sua essência. O amor deixa de ser tensão e tendência em direção àquilo de que ainda estava desprovido. Enfim, terminam após tantas lutas "as dores do parto".
Este é, não só, um momento de êxtase, como também místico: "êxtase" porque o discípulo sai fora de si na contemplação do belo transcendente; e "místico" porque é uma coisa tão oculta, que só se revela ao fim de uma longa iniciação pela qual poucos passam.
O que no Lísis é denominado de Primum Amabile, agora, no Banquete, é apresentado como sendo o Belo em si. Este Belo em si eqüivale à Idéia de Bem, na República, e a ascensão erótica, narrada por Diotima, não é outra coisa do que a fórmula estética da dialética platônica.

Um esquema que bem reproduz esta ascensão erótica, é o apresentado por Geneviève Droz:

Idéia do Belo Amor pela Beleza em si
e por si
Amor pela ciência
Educação intelectual
Amor pelas ciências
Amor pelas belas ações,
pela beleza moral
Educação moral
Amor por uma alma bela
Amor por todos os corpos belos,
pela beleza corporal
Educação estética
Amor por um corpo belo
O elogio à filosofia:

O apaixonado Alcibíades é responsável pelo fechamento do diálogo. Este faz um discurso enamorado e nos apresenta um Sócrates numa posição semelhante a do Eros. Assim como no dia da geração de Eros que Poros estava embriagado,agora no dia do elogio a Sócrates é Alcibíades, o responsável por esse discurso, quem está bêbado; e se todo se passa no dia do banquete em comemoração a Afrodite, agora o banquete é em comemoração a Agatão o mais belo (kalliston).
Sócrates não é belo nem feio, mas sedutor e encantador; é pobre e tem os pés descalços, mas está sempre em busca de enriquecimento interior; é ingênuo, mas engenhoso caçador de verdades. Por sua estranheza e pelo mistério que emana de sua personalidade feita de contrastes é, ele mesmo, uma figura daimônica, mediador e traço de união entre os homens e os deuses. Destarte, a filosofia é amor, o amor é filósofo, e Sócrates é o protótipo acabado dessas duas mediações salvadoras. Sócrates como "a imagem total do Amor". O elogio a Sócrates representa o "coroamento" do Banquete.

CONCLUSÃO
Podemos observar um certo paralelismo entre a alegoria da caverna e o discurso que Sócrates atribui a Diotima de Mantinéia. Na República é descrito o processo de conversão das consciências à luz. Parte-se das sombras até chegar às Idéias. Já no Banquete temos uma "ascese erótica", onde Eros desempenha em relação aos sentimentos e às emoções o mesmo papel de intermediário que as entidades matemáticas representam para a vida intelectual. Eros comanda a subida por via da atração que a beleza dos corpos exerce sobre os sentidos e remete à contemplação da Idéia do Belo, o Belo em si. Esse é o sentido da dialética do desejo que o Banquete analisa no plano do sentimento, e que a República e a Carte VII analisam no plano do conhecimento.
Em Platão encontramos a construção do conhecimento constituído pela união de intelecto e emoção, de razão e vontade: a episteme é o fruto de inteligência e amor. O essencial continua sendo: a Verdade, o Bem e a Beleza, três manifestações diferentes da mesma e única realidade suprema. Enfim compreendemos o ensinamento de Diotima, do próprio Platão, Eros é metaxu: intermediário entre contrários (pobreza/abundância, ignorância/saber); Eros é, também e sobretudo, intermediário entre o humano e o divino, entre o sensível e o inteligível, entre o mortal e o imortal.
Eros é o próprio desejo da imortalidade. Esta é a única imortalidade possível para o homem, tanto pelo corpo, quanto pela alma. No primeiro caso, a imortalidade, se produz pelo nascimento dos filhos, pela sucessão e substituição de um ser idoso por um outro ser juvenil. Entretanto por cima desta produção e desta imortalidade corporal, há as do segundo caso, segundo o espírito. Estas são próprias do homem que ama a beleza da alma, e que trabalha para produzir numa alma bela, que o tem seduzido, os rasgos da virtude e do dever. Desta maneira, o homem perpetua a sabedoria que na sua alma se alojava e assegura um tipo de imortalidade superior à primeira. Este é o homem verdadeiramente virtuoso, o filósofo, o verdadeiramente imortal.

quinta-feira, junho 28, 2007

Pereio estréia programa de entrevistas do Canal Brasil - Xico Sá

"Não há mais, a essa altura, como zelar pela reputação... Agora eu tenho é que zerar minha reputação".


Marlon Brando morreu, mas Paulo César Pereio, 64 anos exageradamente bem vividos, passa muito bem, obrigado.

Um tanto quanto sereno e tomado por uma certa leseira brechtiana --o homem sacaneando o mito cafajeste do ator e da obra--, Pereio estréia, depois de amanhã, o "Sem Frescura", programa de entrevistas do Canal Brasil.

O embate-homenagem com o Brando de "O Último Tango em Paris" é coisa da grande comunidade "pereioística" no Orkut --o novo centro de discussões da internet. Um desnecessário exercício de macheza comparada. Polêmica que o Doutor Ailton, um dos filiados mais ativos da sociedade virtual do ator gaúcho, parece ter liquidado: "Com todo respeito ao M.B., mas o cara nunca foi assim nenhum Pereio", mandou.

Ser um Pereio é não amaciar a língua, é não "amanteigar" jamais as declarações, mesmo na sua fase "Pereiozinho paz & amor", como declara sobre o recreio sossegado que vive. Logo no primeiro "Sem Frescura", sapecou contra as moças de outro televisivo, o "Saia Justa" (do canal GNT).

"Aquele programa de merda que as quatro fazem...", manda ao ar, enquanto tenta lembrar o nome do programa. "Quatro mulheres chatas...", tenta ganhar tempo ainda com a sua falta de jeito para o padrão "talk show". O alvo para valer seria apenas uma das criaturas do quarteto: Marisa Orth.

A atriz havia dito, em uma das edições do "Saia Justa", que Cissa Guimarães, ex-mulher de Pereio, tinha "comido o pão que o diabo amassou" durante o casamento com ele. Declarou também que o ator era viciado em drogas.

"Disse que eu era dependente químico, como se fosse chique delatar um colega de profissão", responde Pereio logo no primeiro "Sem Frescura". Resposta besuntada de algum deboche, mas sem a dicção da ira. Pereio está tranqüilo. Tamanho família.

Na estréia, a convidada é justamente a atriz e ex-mulher Cissa. A direção do programa é da filha Lara Velho, o roteiro é de Neila Tavares, mãe de Lara. A produção é da Macaya, firma também ligada à família, em sociedade com a Globosat. "Logo, logo os parentes vão acabar", avisa o novo apresentador, sacaneando a lista do nepotismo escancarado.

A conversa com Cissa Guimarães é muito cordial e reveladora da grande paixão da mocinha que caiu nas "garras do canalha" ainda na menoridade. Ele caminhava para os 40, ela tinha 17. "Como você se sentia comigo?", indaga a atriz. "Ah, me sentia um pedófilo", responde.

Pereio está tranqüilo, camisa aberta, bermudão, chinelo, animal dos trópicos. O cenário é um jardim, duas cadeiras. O ator coça a perna em algumas ocasiões. Não se trata de um tique à moda Actor's Studio, nada das invencionices de Brando. Apenas a falta de jeito para a nova atividade.

"Virou cult", diz Cissa, a ex-mulher que teria comido o pão que o diabo amassou. "Comi outras coisas mais gostosas", agora quem responde é a própria ex-mulher. Pereio mordisca o lábio, sem a delicadeza dos trejeitos de Brando.

Por causa de falta de pagamento de pensão alimentícia, a ex-mulher levou o ex-marido à prisão, no início dos 90. De tão batido, o tema não foi tocado na entrevista. Falaram muito dos dois filhos que tiveram, João e Tomás, meninos de 20 e poucos anos. "Pelo menos não tem nenhum veado", diz no programa de estréia, mais uma vez rindo da imagem de "cafa" que colou à sua biografia.

Pereio não é cult e celebrado por acaso. São peças a perder a conta, como diz, e 60 filmes. O seu "porra" é um clássico de final de frase nos diálogos. Na sua comunidade no Orkut, os admiradores também falam assim. A cada final de período, tacam lá a velha exclamação, "porra!".

A vida e obra de Pereio vai virar um documentário, já em fase adiantada de produção, chamado "Pereio Eu te Odeio", dirigido por Allan Sieber, autor de quadrinhos, cartunista e animador. É também de Sieber a abertura de "Sem Frescura", uma animação carregada de testosterona.

Por ter construído --à revelia ou não-- uma carreira em tons malditos, Pereio, aparentemente mais sossegado, agora se vê diante de uma pergunta provocativa feita tanto por quem o ama como por quem o odeia: seria hoje um careta?

Embora tenha largado um pouco o caminho do excesso, aquele que, segundo o poeta William Blake, conduz ao palácio da sabedoria, o ator se diz mais calmo, menos desleixado com a saúde, mas com a mesma tormenta interior. Cissa Guimarães provoca, familiar: "O Pereio está careta, ele não falta mais", diz, referindo-se a algumas confusões que envolveram diretores de teatro e cinema e o ex-marido.

Como disse o próprio ator outro dia, em uma mesa do Jobi, botequim da boemia do Baixo Leblon, é hora do grau zero da sua imagem: "Não há mais, a essa altura, como zelar pela reputação... Agora eu tenho é que zerar minha reputação".
Entrevista na playboy:




Perfect Day - Lou Reed

Just a perfect day
drink sangria in the park
And then later when it gets dark
we go home

Just a perfect day
feed animals in the zoo
Then later a movie too
and then home

Oh, it's such a perfect day
I'm glad I spent it with you
Oh, such a perfect day
You just keep me hanging on
you just keep me hanging on

Just a perfect day
problems all left alone
Weekenders on our own
it's such fun

Just a perfect day
you made me forget myself
I thought I was someone else
someone good

Oh, it's such a perfect day
I'm glad I spent it with you
Oh, such a perfect day
You just keep me hanging on
you just keep me hanging on

You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
(tradução)

Quando Vier A Primavera - Alberto Caeiro (F.P.)


Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

quarta-feira, junho 27, 2007

Esta Vida - Guilherme de Almeida

Um sábio me dizia: esta existência,
não vale a angústia de viver. A ciência,
se fôssemos eternos, num transporte
de desespero inventaria a morte.
Uma célula orgânica aparece
no infinito do tempo. E vibra e cresce
e se desdobra e estala num segundo.
Homem, eis o que somos neste mundo.

Assim falou-me o sábio e eu comecei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.
Um monge me dizia: ó mocidade,
és relâmpago ao pé da eternidade!
Pensa: o tempo anda sempre e não repousa;
esta vida não vale grande coisa.
Uma mulher que chora, um berço a um canto;
o riso, às vezes, quase sempre, um pranto.
Depois o mundo, a luta que intimida,
quadro círios acesos : eis a vida

Isto me disse o monge e eu continuei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.
Um pobre me dizia: para o pobre
a vida, é o pão e o andrajo vil que o cobre.
Deus, eu não creio nesta fantasia.
Deus me deu fome e sede a cada dia
mas nunca me deu pão, nem me deu água.
Deu-me a vergonha, a infâmia, a mágoa
de andar de porta em porta, esfarrapado.
Deu-me esta vida: um pão envenenado
.
Assim falou-me o pobre e eu continuei a ver,
dentro da própria morte, o encanto de morrer.
Uma mulher me disse: vem comigo!
Fecha os olhos e sonha, meu amigo.
Sonha um lar, uma doce companheira
que queiras muito e que também te queira.
No telhado, um penacho de fumaça.
Cortinas muito brancas na vidraça
Um canário que canta na gaiola.
Que linda a vida lá por dentro rola!

Pela primeira vez eu comecei a ver,
dentro da própria vida, o encanto de viver.


terça-feira, junho 26, 2007

Motel - Luiz Fernando Veríssimo

Mirtes não se agüentou e contou para a Lurdes:
- Viram teu marido entrando num motel.
A Lurdes abriu a boca e arregalou os olhos.
ficou assim, uma estátua de espanto,durante um minuto, um minuto e meio. Depois pediu detalhes.
- Quando? Onde? Com quem?
- Ontem. No Discretíssimu's.
- Com quem? Com quem?
- Isso eu não sei.
- Mas como? Era alta? Magra? Loira? Puxava de uma perna?
- Não sei, Lu.
- Carlos Alberto me paga. Ah, me paga.
Quando o Carlos Alberto chegou em casa a Lurdes anunciou que iria deixá-lo e contou por quê.
- Mas que história é essa, Lurdes? Você sabe quem era a mulher que estava comigo no motel.
- Era você!
- Pois é. Maldita hora em que eu aceitei ir.
- Discretíssimu's! Toda a cidade ficou sabendo. Ainda bem que não me identificaram.
- Pois então?
- Pois então, que eu tenho que deixar você. Não vê? É o que todas as minha amigas esperam que eu faça.
Não sou mulher de ser enganada pelo marido e não reagir.
-Mas você não foi enganada. Quem estava comigo era você!
-Mas elas não sabem disso!
- Eu não acredito, Lurdes! Você vai desmanchar nosso casamento por isso? Por uma convenção?
- Vou!
Mais tarde, quando a Lurdes estava saindo de casa, com as malas,o Carlos Alberto a interceptou. Estava sombrio:
- Acabo de receber um telefonema - disse.
- Era o Dico.
- O que ele queria?
-Fez mil rodeios, mas acabou me contando. Disse que, como meu amigo, tinha que contar.
- O quê?
- Você foi vista saindo do motel Discretíssimu's ontem, com um homem.
- O homem era você!
- Eu sei, mas eu não fui identificado.
- Você não disse que era você?
- O que? Para que os meus amigos pensem que eu vou a motel com a minha própria mulher?
- E então?
O quê???
- Vou ter que te dar uma surra...


CONCLUSÃO:
DEVEMOS CUIDAR APENAS DA NOSSA SAÚDE, POIS DA NOSSA VIDA, TODO MUNDO CUIDA...

Felicidade Realista - Mário Quintana

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote
louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser
magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema:
queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos
conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar
pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente
apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes
inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos
sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão.
Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.
Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você
pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um
parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente
quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo,
usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o
suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado E se a gente tem
pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que
saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de
criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o
estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar.
É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza,
instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente.
A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.
Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está
alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não
se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la
e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e
não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso
coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

terça-feira, abril 17, 2007

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Parabéns Gininha!

Crônica existencialista - Airton Monte

Tarde calma, vento quieto, mar aberto, céu tão claro. Você diamante raro ardendo nas luminosas horas antes que eu mergulhe na profundez das trevas. Ninguém tem culpa de nascer poeta, nem mesmo os maus poetas que são como daninhas ervas a proliferar em meio aos líricos desertos. Você tão jovem e eu tão velho, vendo de bobeira o tempo se escoar feito mijo no ralo do banheiro e eu, nem que nem, como se tudo que acontece a meu redor nada houvesse a ver comigo, como se eu fosse alguém à parte, um simples destroço de não sei que vão naufrágio. Talvez você me amasse com toda sofreguidão possível num inimaginável frenesi e juvenil furor de felina.

E eu, nem que nem, enfiado até o talo no cerne do mundo, no ventre de todas as mulheres que jamais possuí por incúria, crueldade e preguiça. Ah, eu sou em verdade em belo tolo, porém meus olhos reluzem como punhais no breu e eu, capitão de breve curso, vou em meio ao nevoeiro ouvindo um samba triste de Paulinho da Viola, a levar meu boêmio barco devagar. Noite dessas, a chuva grossa dedilhando um blues no meu telhado, eu sonhei morrendo e era uma morte de tal maneira delicada pois me deu a nobre graça de morrer de repente e súbito, morri, sem nenhuma dor como se apenas houvesse adormecido após um báquico porre de existência.

E muito naturalmente, subi aos infernos e vi que estava, afinal, no lugar certo para restar numa infinita atemporalidade. O que importa se acordei de um bendito pesadelo, se o inferno nada mais é que a realidade nua e crua feito um naco sangrento de um rosbife e um longo, abençoado gole de esquecimento. Eu insisto em ser eu mesmo, único e indevassável dentro de mim mesmo como num verso maldito do meu pai, poeta, áspero irmão José Alcides Pinto, a mais doce e humana encarnação da Besta. É-me impossível abdicar de ser eu mesmo. Eu, Eu, Eu gravado em inscrições escritas com o sangue dos meus antepassados.

Negras nuvens prenhes de chuva pairam sobre o fim de tarde de um domingo pleno de agonizantes prazeres e promessas. Teus olhos de Sulamita refulgem de uma claridade ainda não desperta e permitida, sarça ardente. Em mim, porém, nenhuma gota de vento solar, é só uma imensa, oceânica sensação de que ainda estou fremente feito a incandescência final da cauda de um cometa extinto. E eu estou no mundo qual um personagem de Sartre e eu, nem que nem, mergulhado no caldeirão da vida. E eu, nem que nem, animal forjado no miserável cotidiano. Um dia hei que despertar do pesadelo gritando: que coisa mais bela é a vida.